Na próxima quarta-feira (8) será comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data se deve ao incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist em que 123 trabalhadoras e 23 homens morreram devido às más condições de trabalho. Além da homenagem, o incidente foi o responsável por contribuir em melhores medidas de segurança trabalhistas.
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Com a data, algumas pautas que envolvem a mulher na sociedade são levantadas, tais como a necessidade do direito sobre seu próprio corpo, da participação igualitária no mercado de trabalho e da divisão de tarefas entre gêneros. Além disso, serve para celebrar conquistas já realizadas, como a conquista pelo voto. Assim, o Dia Internacional da Mulher mostra-se relevante e consegue ser (ainda que superficialmente) desvinculado do forte apelo comercial.
Entretanto, o dia se mostra bastante forte para o comércio do País e, com isso, o debate (ou o entendimento sensível sobre a questão) acabam lançando um holofote para a publicidade e os anúncios das marcas que ainda protagonizam polêmicas, já que acabam "escorregando" no debate das questões femininas.
Confira alguns casos de propagandas recentes que causaram polêmica.
Saraiva
Para celebrar a data de 8 de março, a rede de livrarias Saraiva lançou uma promoção que dará 50% de desconto para mulheres que comprarem por meio de lojas físicas e virtuais no dia. Porém, o que era para servir como agrado, acabou gerando irritação em leitoras e leitores de todo o Brasil, que decidiram se manifestar por meio das redes sociais.
Tudo começou quando uma jornalista do Maranhão usou sua página pessoal do Facebook para expor sua opinião, que acabou repercutindo pelo sentimento compartilhado entre muitas mulheres.
No próprio post, houve uma discussão acerca da mesma conduta da livraria Saraiva em suas demais promoções, além da insatisfação de clientes que não conseguiram adquirir os produtos devido às restrições nas categorias dos livros.
Na página oficial do Facebook da Saraiva, diversos consumidores ainda estão comentando sobre a escassez da promoção, principalmente no que se diz respeito à inclusão e ao acesso de materiais didáticos e de diferentes áreas profissionais para as mulheres.
A Saraiva informou por meio de comunicado que diversas categorias, não só as mencionadas em posts de consumidoras, estarão a venda com desconto de 50% nesta quarta-feira (8). O comunicado informou ainda que os temas em promoção são: Administração, Agropecuária, Artes, Autoajuda, Ciência Humanas e Sociais, Economia, Esoterismo, Espiritualismo, Esportes e Lazer, Gastronomia, Geografia e História, Linguística, Literatura Estrangeira, Literatura Infantojuvenil, Literatura Nacional, Psicologia, Religião, Turismo, totalizando 200 mil títulos com descontos na data.
Skol
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, cerca de 47,6 mil pessoas foram vítimas de estupro no Brasil, sendo registrado um estupro a cada 11 minutos.
Em 2015, a marca de cerveja Skol lançou uma campanha de Carnaval que foi espalhada por todo o País através de outdoors, com frases do tipo “topo antes de saber a pergunta” e “esqueci o não em casa”. As frases esparramadas pelas ruas do País acabaram ganhando forte repercussão negativa após uma intervenção da publicitária Pri Ferrari e da jornalista Mila Alves, que modificaram uma das frases em um outdoor para “esqueci o não em casa e trouxe o nunca”, em repúdio à campanha.
Após a manifestação das amigas paulistas, os cartazes foram retirados das ruas, impactando na execução das próximas campanhas da marca. Em 2017, a Skol passou a desenvolver ações em prol da proteção das mulheres, ao distribuir apitos nos blocos carnavalescos de rua, a fim de evitar assédios. Depois disso, acabou sendo eleita a cerveja mais popular do carnaval.
Cerveja Proibida
“Proibida Puro Malte Rosa Vermelha Mulher, uma cerveja delicada e perfumada, feita especialmente para você mulher”. Assim começa uma publicação da Cerveja Proibida para anunciar o novo produto da marca, com aroma de rosas e, conforme diz a publicidade, voltada ao público feminino.
Você viu?
Na página oficial do Facebook da marca, consumidores expuseram suas opiniões sobre a "cerveja rosa". E a irritação sobre o machismo foi colocada em debate: foram mais de 2 mil comentários com mensagens que mesclavam ironia e indignação, principalmente de mulheres.
"Nossa, que legal saber que agora posso tomar uma cerveja, obrigada Proibida por essa oportunidade! Eu vivi até hoje bebendo cerveja de homem, ufa, agora tem uma para a mulher", escreveu uma consumidora acerca da novidade.
Quer um notebook?
Nesta segunda-feira (6) a Samsung, por meio de uma nota oficial, divulgou seus novos notebooks, que têm como intuito atender o público feminino. O questionamento em torno desta manifestação é similar ao caso da cerveja Proibida, que destinou uma linha focada exclusivamente às mulheres.
No comunicado, a marca escreve: "o empoderamento feminino é um assunto bastante discutido ultimamente e que cresce ano a ano, tudo para desmistificar a imagem de frágil criada sobre as mulheres e mostrar o quão relevante é o papel da mulher na sociedade. Com o Dia Internacional da Mulher chegando, a Samsung quis homenagear as suas consumidoras mulheres que adoram (e não vivem sem) notebooks. Por isso, desenvolveu modelos com a cara delas: design arrojado, leveza e alto desempenho, tudo para agradar também o público feminino".
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Em resposta a matéria a Samsung informou que não tinha intenção de gerar polêmica sobre o assunto. “A Samsung tem como política a inovação para todos os públicos e em nenhum momento pretendeu gerar qualquer polêmica, como a apontada por esta matéria; pelo contrário, a intenção sempre foi a de prestigiar as mulheres neste dia tão especial, apresentando esta linha que tão bem atende as modernas necessidades das consumidoras. No entanto, por fim, caso alguma consumidora tenha se sentido ofendida, pedimos nossas sinceras desculpas.”
Estagiário
Outro caso recente que dividiu opiniões foi em relação à demissão do estagiário que fez publicações um tanto quanto "provocativas" às mulheres (para não dizer machistas).
Em uma de suas fotos postadas, o jovem à frente de um caminhão carregado com sacos de cimento fez a seguinte legenda: “Procurando alguma feminista para ajudar a descarregar... Direitos iguais até chegar a carga de cimento”.
Após a análise dos posts do estagiário e à viralização de seus conteúdos postados - tanto de apoio quanto de aversão, a Cantareira Construtora e Imobiliária optou por demitir o jovem, por considerar suas postagens extremistas e sexistas.
Vale ressaltar que o caso foi “concluído” após a Allezia – loja de móveis - contratar o garoto, por achar que suas brincadeiras estavam dentro dos limites da liberdade de expressão, com exceção do uso da palavra “aborteira”.
Apple
A polêmica que envolve a Apple não é sobre o lançamento de um produto (nem sobre uma campanha específica), mas sobre denúncias de funcionárias, vazadas em setembro de 2016. Na época, e-mails de trabalhadoras vazaram e, em um dos documentos, foi relatado que "o privilégio masculino branco corre sem controle. A pior parte é que você não sabe em quem confiar e pode acabar sofrendo retaliações. Estou desencorajada e desanimada com o tratamento que recebo", segundo uma delas.
Dezenas de funcionárias também informaram ao site Mic, que piadas sobre estupro e falta de oportunidades para mulheres em cargos de confiança são comuns dentro da empresa.
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O caso das recentes gafes traz "pano para a manga" sobre os cuidados que as empresas precisam ter na hora de fazer o apelo às vendas no Dia Internacional da Mulher, data, como se sabe, bastante relevante para o comécio do País.